quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Desindustrialização: Situação brasileira


Outros autores, porém, enfatizam que no Brasil o que ocorreu não pode ser classificado como um processo de desindustrialização. Segundo Nassif (2008), no período da década de 80 a indústria sofreu uma forte na participação do PIB devido a baixa produtividade do trabalho e ao cenário econômico mundial. Nas palavras do autor “entre 1991 e 1998, o cenário foi manutenção do peso da indústria, com aumento na produtividade do trabalho” (2008, p. 19). Ou seja, para o autor, a instabilidade dos níveis de produtividade foi o que impediu que a indústria voltasse a ter a participação da década 80. O período compreendido entre 1990 e 2004 não pode ser interpretado como uma ocorrência de desindustrialização haja vista que a indústria de transformação conseguiu manter uma média anual no período citado.
Apesar das baixas taxas de crescimento médias anuais do PIB brasileiro entre 1990 e 2000, a indústria de transformação doméstica conseguiu manter um nível de participação médio anual na ordem de 22% no período, praticamente o mesmo percentual em 1990. Nos últimos anos, houve um ligeiro aumento dessa participação, chegando a 23% em 2004 (NASSIF, 2008, p. 19).
Outro aspecto que o autor levanta é a da hipótese da existência de doença holandesa no Brasil. Nassif acredita que não há evidências empíricas sobre tal fenômeno porque não pôde ser verificado uma realocação generalizada dos fatores produtivos para o ramo das indústrias com tecnologias abalizadas em recursos naturais. Além disso, “a participação conjunta dos produtos primários, dos manufaturados intensivos em tecnologia em recursos naturais e dos manufaturados com baixa tecnologia sofreu um decréscimo de 72% para 67% entre 1989 e 2005” (NASSIF, 2008, p. 20).
Apesar de existir divergências entre economistas sobre a questão da desindustrialização no Brasil, mesmo aqueles que defendem que o país não passa por tal processo fazem ponderações e alertam os formuladores de políticas econômicas sobre o futuro.  Nassif alerta que, no longo prazo, a sobrevalorização da moeda brasileira em relação ao dólar pode não só provocar uma perda de competitividade industrial, como também transformar a desindustrialização o que é, até então, segundo o autor mera conjectura, em um fenômeno real para a economia brasileira.

Desindustrialização: causas


Sobre as causas da desindustrialização são apontadas diversas e dentre elas está a doença holandesa. A doença holandesa é a apreciação “crônica da taxa de câmbio de um país causada por este explorar recursos abundantes naturais e mão de obra barata” (BRESSER-PEREIRA, 2007, p. 7). Ainda segundo o autor além de gerar uma falha de mercado, a doença holandesa pode trazes efeitos negativos para uma economia por tempo indeterminado. Apesar de ser um problema antigo só recebeu esse nome em 1960, quando os economistas da Holanda verificaram que a descoberta de gás natural e a exportação deste estavam apreciando a taxa de câmbio e isso estava prejudicando a indústria (BRESSER-PEREIRA, 2007, p. 8). O Dieese (2011) ressalta para um possível caso de doença holandesa no Brasil, pois a grande capacidade brasileira de produzir e exportar commodities minerais, pecuárias e agrícolas provoca a entrada de dólares e euros no país provocando um excesso de oferta no mercado de câmbio, valorizando o real em relação as moedas estrangeiras. Ainda segundo o órgão, uma taxa de juros interna muito elevada provoca uma entrada volumosa de divisas no país prejudicando a indústria de transformação e podendo contribuir para um processo de desindustrialização, pois a indústria passa a perder competitividade. É por isso que o governo visa reduzir ainda mais a taxa de juros (atualmente em 7,25%).
Além da doença holandesa como uma das causas da desindustrialização, a desindustrialização pode ser provocada por fatores internos e externos.
Os fatores internos seriam: uma mudança na relação entre a elasticidade de renda da demanda por produtos manufaturados e serviços e o crescimento mais rápido da produtividade na indústria do que no setor de serviços (ROWTHORN e RAMASWANY, 1999 apud FEIJÓ e OREIRO, 2010, p.222).
Os fatores externos, segundo Feijó e Oreiro (2010), que causam a desindustrialização estão relacionados diretamente com o nível de integração produtivo e comercial das economias, ou seja, com o estágio alcançado pelo assim chamado processo de globalização.
De acordo com o Dieese (2011) outros fatores também podem ser causadores da desindustrialização, entre eles: grande vantagem comparativa na produção de bens primários, problemas de infraestrutura e educação formal insuficiente e baixa qualificação da mão-de-obra existente.
Em modelos neoclássicos de crescimento a ocorrência ou não da desindustrialização é irrelevante uma vez que o crescimento de longo prazo é dado pela acumulação de fatores e pelo progresso tecnológico (FEIJÓ e OREIRO, 2010, p. 223). Ainda segundo os autores, o pensamento heterodoxo defende que a indústria e motor do crescimento no longo prazo dos países capitalistas uma vez que ela é fonte de retornos crescentes de escala, considerado pelos heterodoxos essencial para sustentar o crescimento no longo prazo, e a principal difusora do progresso tecnológico. “Nesse contexto, a desindustrialização é um fenômeno que tem impacto negativo sobre o de crescimento de longo prazo, pois reduz a geração de retornos crescentes e diminui o ritmo do progresso técnico” (FEIJÓ e OREIRO, 2010, p. 224).

Desindustrialização: conceito


Quando os noticiários argumentam que um país ou setor da economia está passando por uma desindustrialização em um primeiro momento isso pode parecer maléfico para a economia. Mas tal acontecimento não é, necessariamente, um fato ruim para um determinado país. O conceito de desindustrialização pode ser definido como “uma redução persistente da participação do emprego industrial no emprego total de um país” (ROWTHORN e RAMASWANY, 1999 apud FEIJÓ e OREIRO, 2010 p. 220). Esse conceito de desindustrialização pode ser ampliado como sendo a redução do emprego industrial e do valor adicionado da indústria em relação ao emprego total e ao PIB, respectivamente (TREGENNA, 2009 apud FEIJÓ e OREIRO, 2010, p. 221). Então, para Feijó e Oreiro (2010) uma economia não se desindustrializa devido a produção industrial estar em queda ou estagnada, mas sim quando esta passa a perder importância como fonte geradora de emprego e riqueza para um país.
Muitos autores defendem que a desindustrialização é um fenômeno característico de economias capitalistas. Porém, deve-se observar quando tal característica é benéfica ou maléfica para os países. Quando os países alcançam níveis elevados de renda per capita a elasticidade de renda da demanda por produtos industriais cresce em um primeiro momento e, posteriormente, cresce a elasticidade de renda da demanda por serviços. Essa característica faz com que os recursos e a produção se desloquem para o setor industrial e para o setor de serviços, respectivamente. Isso justifica a evolução natural das participações dos setores no produto total da economia (CLARK, 1957 apud CARIO e SILVA, 2012). Esse processo descrito é tido como natural ou positivo e visto em países desenvolvidos onde a desindustrialização é uma etapa do desenvolvimento e resultado do aprofundamento da divisão do trabalho (CARIO e SILVA, 2012). Cario e Silva (2012), seguindo as ideias de Palma (2005), apontam que em países em desenvolvimento como o Brasil, a queda do emprego industrial no emprego total procedeu devido as políticas macroeconômicas de cunho neoliberal e não devido ao aumento da renda per capita desses países. Sob tais condições esse tipo de desindustrialização é visto como negativo ou precoce.

domingo, 26 de agosto de 2012

Política econômica e o spread bancário


O governo tem anunciado algumas medidas de política econômica como, por exemplo, a redução da taxa Selic.
Reduzir a Selic é como você acelerar com um carro, ou seja, a economia vai ser aquecida pois o crédito passa a ficar mais acessível e barato. Além disso, atrai investimentos que aumentam a nossa atividade produtiva.
Portanto, a Selic é uma ferramenta importantíssima para estimular a economia (reduzindo os juros) ou para controlar a inflação (aumentando os juros).
A Selic por ser uma referência para qualquer operação financeira que envolva juros afeta diretamente as operações bancárias e isso nos remete a pensar na questão do spread bancário. A composição do spread bancário vai além do que aquela simples definição de ser à diferença entre as taxas que o banco paga aos investidores e as taxas que cobra dos tomadores de crédito.
Quando o banco faz essa intermediação, o que fica com ele é uma margem bruta. Dela, são descontados todos os custos (custos gerais, custo do capital, custos de compulsórios, custo do seguro de depósito e custo da inadimplência) com os quais o setor financeiro precisa arcar para conduzir suas atividades. Quanto maior esses custos, mais alta será a taxa final de empréstimo. Isso não significa maior lucro para o banco, uma vez que só depois de abater todos esses custos é que o banco chega à sua margem líquida usada para rentabilizar o capital de seus acionistas.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Marshall e o equilíbrio parcial


Equilíbrio parcial
           
            Uma das principais contribuições de Leon Walras para economia foi sua teoria do equilíbrio geral, que faz o uso da álgebra linear como uma ferramenta, para descrever a produção dos bens sob diferentes condições. Porém essa teoria é complexa, o que dificulta fazer uma análise efetiva, ainda mais em uma época onde não existiam computadores, por isso outra teoria que analisasse as questões de Equilíbrio Produção x Consumo se fazia necessária. Nesse momento Marshall entra em cena com sua teoria do equilíbrio parcial, que é muito mais simplista e transforma em constantes todas as variáveis da produção que não são essenciais. Dessa forma fica muito mais fácil fazer a análise de um determinado bem ou serviço, porém essa simplicidade faz com que nem sempre essa teoria consiga refletir a realidade.
            Essa teoria é baseada na já citada teoria do valor de Marshall, somada a inserção do tempo nos modelos, mostrando que as curvas de oferta têm comportamentos diferentes, no curtíssimo, curto e longo prazo. Suas ideias foram tão importantes que são praticamente as mesmas encontradas atualmente nos principais manuais microeconômicos, como elasticidade e excedente do consumidor.
            Pelo lado da demanda temos a ideia da utilidade marginal, fazendo com que os consumidores paguem cada vez menos por cada unidade adicional do bem, provocando uma correlação negativa entre quantidade e preço. A ideia de elasticidade faz com que seja possível mensurar quão grande será a quantidade demandada dada uma alteração nos preços. Essa formulação nos traz a ideia de uma curva de demanda com inclinação negativa.
            A questão da oferta possui um esqueleto muito semelhante ao da demanda, pois também é fundamentada a partir de conceitos marginalistas. Porém nos diferentes “tempos” ocorrem variações. No curtíssimo prazo, um dia ou menos, a oferta de um bem é fixa, sendo assim o preço de equilíbrio uma questão da variação na demanda. Já no curto prazo a oferta se comporta como a demanda, sendo baseada nos retornos decrescentes dos insumos, pois ela esta limitada pela quantidade fixa de capital. No longo prazo podemos modificar as quantidades de todos os fatores de produção, tornando possível  a adaptação dos produtores as variações do mercado, com isso a produção se torna uma função dos custos médios e por consequência a oferta se torna uma reta constante.
            Juntando as duas partes ocorrerá a conjugação entre oferta e demanda produzindo os famosos gráficos onde identificamos o ponto de equilíbrio do mercado. Essa foi uma das maiores contribuições de Marshall para a microeconomia, pois o estudo dos mercados se tornara muito mais objetivo, e também abriu as portas para sua extensa teoria da firma, um dos seus trabalhos mais interessantes.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Karl Marx e a MAIS-VALIA

Hoje venho trazendo mais algumas ideias do Marx, dessa vez é a questão da Mais-Valia.


CIRCULAÇÃO SIMPLES DE MERCADORIAS E CIRCULAÇÃO CAPITALISTA
Karl Marx se preocupou também em explicar a natureza histórica e social do capital como fonte dos lucros. Marx explicava que, em uma sociedade  não-capitalista, a produção de mercadorias tinha como objetivo a obtenção de outras mercadorias para uso. O esquema proposto para figurar isto era: M-D-M, onde mercadoria se transforma em dinheiro para, novamente, tornar-se mercadoria.
Já no sistema capitalista há outro esquema, no qual o início se dá com o dinheiro. O mesmo se transforma em mercadoria para, no final, transformar-se em dinheiro (D-M-D). Porém, Marx conclui que a intensão não era que a troca terminasse com a mesma quantia em dinheiro, mas que se vendesse mais caro a fim de obter o lucro. Sendo assim, chega-se ao processo descrito da seguinte forma: D-M-D´, onde D´>D.
 MAIS-VALIA, TROCA E A ESFERA DA CIRCULAÇÃO
Para Marx, a diferença entre D´ e D era a chamada mais-valia. Ele afirmava que o que movia os interesses de uma sociedade capitalista era o valor de troca e não o de uso. Portanto, buscava-se multiplicar o valor inicial a partir de processos de troca com obtenção de lucro.
Porém, Marx percebe que a característica principal do capitalismo, ou seja, a mais-valia, não poderia ser encontrada na esfera da circulação pois isto não geraria valor líquido algum. Ele explica que quando a mercadoria é trocada por valores equivalentes, ou seja, o próprio valor da mercadoria (sem acréscimos ou decréscimos) não há mais-valia alguma. E, quando a mercadoria fosse trocada acima ou abaixo de seu valor, também não seria gerado qualquer aumento líquido de mais-valia, pois o ganho de um (comprador ou vendedor) seria idêntico à perda do outro.
Sendo assim, Marx passa a voltar sua atenção para a esfera da produção. “Assim, deixamos de lado, por algum tempo, essa esfera complicada (da circulação), na qual tudo acontece à superfície e à vista de todos, e... entramos na área oculta da produção[...]” (HUNT, 2005, p. 204).

sexta-feira, 1 de junho de 2012

PIB e o crescimento da economia

O PIB do nosso país fechou esse primeiro trimestre com uma pequena alta (0,2 %) de acordo com o IBGE.
Isso não significa que é um péssimo resultado, pois as economias estão desaceleração; a China vem passando por uma queda na produção industrial, sem falar da crise europeia.
Mas o que deve ser feito pelo agentes econômicos perante esse resultado do PIB é ficar de "antenas ligadas" com o que pode acontecer em nossa economia.
É muito provável que a geração de emprego seja reduzida pois não houve aumento significativo da produção e, portanto, não há possibilidade de ampliar exponencialmente as vagas de emprego.
Os salários (Salário Real) podem se manter constantes ou até mesmo diminuir pois como está ocorrendo um pequeno crescimento o ganho de renda também será menor.
Como o crescimento da produção de bens e serviços foi pequena e o governo vem estimulando uma redução de taxa de juros pode ocorrer um aumento da inflação porque mais famílias estão indo as compras com essa redução de juros e, portanto, pressionando os preços dos produtos para cima.

"Para os especialistas, apesar das medidas que o governo vem tomando para estimular o consumo, com o corte de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e redução da taxa básica de juros, os brasileiros devem evitar as dívidas.
Para a professora do IBRE-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas) Silvia Matos, aumenta o risco de perder o emprego, e por isso o consumidor deve ter mais cautela na hora de ir às compras ou pedir empréstimo.
O ganho de renda observado no ano passado será menor neste ano. O consumidor deve tentar sanar suas contas, diz Silvia Matos.
A professora sugere que o consumidor aproveite as constantes reduções de juros que os bancos têm feito para pedir empréstimos mais baratos e tentar acabar com as dívidas.
Ainda assim, para Caio Torralvo, da FIA, quem precisar pedir empréstimo deve optar por prazos mais curtos." (www.uol.com.br/economia)


quinta-feira, 31 de maio de 2012

Karl Marx e produção de mercadorias


Venho trazendo hoje um pouco das ideias de karl marx.
Espero que gostem e comentem
A NATUREZA SOCIAL DA PRODUÇÃO DE MERCADORIAS
Para Marx os produtos só se transformavam em mercadorias quando produzidas com o objetivo de serem trocadas por dinheiro. Ou seja, qualquer bem produzido apenas para uso ou gozo imediato dos produtores não era assim considerado. Para que uma sociedade fosse uma sociedade produtora de mercadorias deveria atender a três requisitos básicos:
·               Ter um elevado grau de especialização, fazendo com que cada produtor produzisse sempre a mesma mercadoria (ou parte dela);
·               Estabelecer uma completa separação entre valor de uso e valor de troca;
·               Ter um mercado amplo e bem desenvolvido, precisando do uso generalizado da moeda como equivalente de valor universal.
Apesar de o trabalho de cada produtor ser isolado dos demais, havia uma relação social definitiva e indispensável entre os mesmos. Isso significa dizer que uns dependiam das mercadorias dos outros. “[...] as relações que ligavam o trabalho de um indivíduo aos demais aparecem não como relações sociais diretas entre os indivíduos no trabalho, mas como... relações entre objetos.” (MARX apud HUNT, 2005, p.202)
Os economistas burgueses, adeptos às ideias de Adam Smith, acreditavam que a utilidade derivada do consumo era gerada na própria troca, porém, todo valor de uso de uma mercadoria, era agregado no memento de sua produção. Segundo Hunt:
a verdade pura e simples era que o trabalhador útil era sempre a fonte de toda utilidade proporcionada pelas mercadoria, e a troca era meramente o pré-requisito necessário para o próprio funcionamento de uma sociedade que produzisse mercadorias (HUNT, 2005, p.202).

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Taxa de juros e o perigo da inflação


Hoje venho publicar um texto do Eric Brasil, que foi publicado no site o barômetro. Muito o texto, vale a pena conferir.
Num movimento de queda significativo, de junho de 2011 a maio de 2012, o juro real (juro nominal descontado da inflação) no Brasil saiu do nível de 7% para um patamar abaixo dos 2,5%.
Queda na Selic, política agressiva de redução dos juros nos bancos estatais, mudanças na regra de remuneração da poupança e maior tolerância com a expectativa inflacionária estão entre as ferramentas usadas pela equipe econômica do Governo Dilma para levar os juros reais do país a níveis historicamente baixos e já bastante próximos dos 2% prometidos pela Presidenta até o fim do seu mandato.
De fato, se o país conseguir conciliar taxas de juros reais tão reduzidas com controle da inflação estaremos vivenciando uma melhora institucional histórica para a economia brasileira. Mas o “porém” é sempre, infelizmente, a questão da estabilidade das taxas de inflação. E esta é exatamente a aposta da equipe econômica do Governo, ou seja, Eles acreditam que é possível atingirmos juros reais mais baixos sem alimentarmos o dragão da inflação.
Nem todos pensam assim. Na semana passada, após o anúncio das mudanças nas regras de remuneração da poupança (que deve vir acompanhado de novas quedas da Selic), analistas de mercado já começaram a rever suas previsões para a inflação medida pelo IPCA, principalmente em 2013 (os últimos dados do relatório Focus divulgado pelo Banco Central mostram estes ajustes nas expectativas inflacionárias do mercado). Diversos economistas também estão alertando para os riscos do juro real estar em patamar muito baixo, com a economia caminhando para uma demanda acima do PIB potencial, o que exigirá que o Banco Central volte a elevar a Selic no futuro próximo.
De minha parte, confesso que me causa certa preocupação imaginar que esta possibilidade de conciliar baixo juro real com inflação controlada pode estar calcada única e exclusivamente no cenário de recessão global e que ao menor movimento de reaquecimento da economia mundial podemos nos descobrir num ambiente indesejado de superaquecimento da demanda. Além disso, é fato que a política monetária de redução dos juros leva um tempo para gerar efeitos reais sobre a produção e o consumo, portanto, mesmo que a economia mundial continue patinando, é cedo para dizermos que já conhecemos os reais efeitos do atual nível dos juros reais.
De qualquer forma, tomara que Eles estejam certos.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Tributação e as empresas

Boa noite,
Hoje escrevi uma resenha sobre um artigo da revista Veja que saiu em uma edição de abril do mês passado.

O autor indaga o leitor a refletir a questão da tributação em nosso país. Nóbrega afirma que nenhuma empresa paga tributo algum e que, na verdade, elas apenas são responsáveis pelo recolhimento. O que ocorre aqui no Brasil é que alguns impostos acabam se misturando no custos de produção, reduzindo a competitividade das empresas.
Outra questão levantada é a complexidade da carga tributária: “O problema não é o tamanho da carga tributária, mas sua enorme complexidade, decorrente do cipoal de normas dispersas, confusas, irracionais. Para cumpri-las, as empresas brasileiras gastam 2.600” (Nóbrega, 2012, p. 30).
Esse trecho evidencia que, talvez, se nossa tributação fosse mais clara e simples de se entender, ocorreia uma maior eficiência nos impostos cobrados.
Para Nóbrega é quase impossível a redução da carga tributária visto que seu tamanho é consequência do nível de despesas obrigatórias com educação, saúde, etc., por isso “ a quase impossibilidade de diminuir o peso dos tributos recomenda que se mobilizem a opinião pública e a classe política em prol da simplificação do sistema tributário, particularmente do seu mais complexo e ineficiente imposto, ICMS” (Nóbrega, 2012, p. 30).
A eficiência dos impostos é o ponto chave para resolver a questão tributária no Brasil e para mostrar tal eficiência Nóbrega apresenta o resultado de uma pesquisa feita pelo professor Peter Lindert, da Universidade da Califórnia em Davis. Esse estudo fez um comparativo entre o sistema americano e o sueco. Embora a carga tributária americana seja menor que a dos suecos, o sistema da Suécia é mais eficiente. Para Lindert, a superioridade do sistema sueco é dada pela maneira de tributar o consumo, se baseando no método do valor agregado. Já o sistema americano tributa o consumo mediante um imposto no varejo, o sale tax, que é simples apenas na aparência.
Enfim, o Brasil pode superar esses entraves que ocorrem na tributação e utilizar o método de tributação pelo valor agregado pode ser considerado um passo importante, que já foi tomado. A próxima etapa é resolver a questão do ICMS – que como Nóbrega diz “é o cerne do manicômio tributário” – sendo este passo um problema mais político que econômico.

domingo, 25 de março de 2012

A queda da Taxa Selic

Pessoal,
Hoje eu trouxe uma reflexão minha sobre as últimas noticias em relação aos juros.

O governo, nessas últimas semanas, veio tomando coragem e começou a enfrentar a pressão que sofria para manter a Selic elevada. A verdade é que essa política de redução da taxa básica de juros visa, essencialmente, estimular o investimento das indústrias em aquisição de máquinas e equipamentos fazendo com que cresça a participação da indústria no PIB.
Uma taxa de juros mais elevada estimula as grandes empresas fazer aplicações financeiras, uma vez que o retorno esperado é maior do que se esse fosse usado para comprar novas máquinas, por exemplo.
A Selic ficando abaixo dos 10% estimula os empresários a adquirirem novas tecnologias para serem aplicadas em suas empresas, provocando o aumento da produção de suas firmas e, muito provavelmente, fazendo com que o retorno financeiro seja maior do que se esse capital fosse aplicado no mercado de ações.
É claro que esse é um modelo macroeconômico que nem sempre reflete a realidade, mas eu acredito que as chances desse fato ocorrer são elevadas dado que as grandes empresas já estão anunciando novos investimentos em capital intelectual.

Abraço à todos

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Um pouco de História Econômica

Pessoal,

Vale a pena dá uma lida nesses dois caras sensacionais. Vou deixar um resuminho deles para quem tiver interesse em saber mais sobre suas e teorias, diga-se de passagem muito bem fundamentadas.
Robert Solow -
Robert Merton Solow, economista norte-americano, nascido em New York, obteve o Prêmio Nobel de Economia em 1987 por suas contribuições à teoria do crescimento econômico.
Estudou em Harvard e exerceu a docência no Massachusetts Institute of Technology, além de ter sido assessor do Presidente Kennedy.
Sua contribuição mais conhecida é o modelo neoclássico do crescimento, considerado a resposta ortodoxa ao modelo keynesiano de Harrod-Domar, publicado num artigo de 1956. Seus estudos econométricos sobre o investimento em capital fixo e a influência da tecnologia nos aumentos da produtividade, iniciados num artigo de 1957, marcam as origens da chamada "contabilidade do crescimento". Neste artigo separou a contribuição ao crescimento econômico da quantidade de trabalho e capital, do efeito relativo à mudança técnica. Também trabalhou na análise econômica dos recursos não renováveis.

 Paul Samuelson -Paul Anthony Samuelson é um economista americano nascido em Gary, Indiana. Obteve o Prêmio Nobel de Economia em 1970 pelo trabalho científico por meio do qual desenvolveu a teoria econômica estática e dinâmica, contribuindo ativamente para elevar o nível da análise na ciência econômica.
É autor do manual de economia mais vendido da história, que, além de fazê-lo extraordinariamente rico, serviu para formar muitas gerações de economistas de todo o mundo.
Além de pedagogo e divulgador, tem muitas contribuições originais. Samuelson é especialmente interessado nos aspectos dinâmicos da economia. Seu principal mérito é, quiçá, ter realizado a chamada "síntese neoclássica", isto é, a fusão num conjunto coerente da economia de Keynes com a de seus predecessores.

Fonte:http://www.corecon-rj.org.br/

O exemplo da Kodak

Boa noite pessoal,

Todos já estão sabendo que a Kodak pediu moratória(recurso jurídico que é concedido para a empresa que possibilita a continuação do comércio daquela empresa mesmo que ela seja incapaz de pagar suas dívidas) e ela vai acabar servindo de exemplo para o post de hoje.
Até mesmo eu que não nenhum diretor executivo de uma grande empresa sei que é fundamental investir em pesquisa e em desenvolvimento, pois só assim conseguimos manter sempre atualizado a tecnologia do produto que estamos vendendo. E foi isso que a Kodak fez. Investiu em tecnologia e assim criou a primeira máquina digital por volta da década de 1975.
O problema foi que ela não acreditou que aquele produto iria se firmar no mercado e então continuou fazendo o que vinha fazendo desde sua fundação: fotografia por filme.
O que se pode concluir é que até mesmo gigantes como a Kodak podem ficar endividados ou até mesmo ir a falência se não prestarem atenção nas mudanças que acontecem no mercado, pois é o mercado quem vai mostrar se aquele produto atende as vontades dos consumidores.
É claro que não podemos deixar de falar que a Kodak tinha fortes concorrentes como a Apple e a HP e isso é mais um agravante para ela porque essas duas empresas investiram muito em pesquisa e desenvolvimento.
A Kodak anunciou que conseguiu um crédito do Citigroup de US$ 950 milhões, que será pago em 18 meses.
Agora é esperar e ver qual vai o comportamento do mercado de ações depois dessa notícia.

Abraço a todos.