Outros autores,
porém, enfatizam que no Brasil o que ocorreu não pode ser classificado como um
processo de desindustrialização. Segundo Nassif (2008), no período da década de
80 a indústria sofreu uma forte na participação do PIB devido a baixa
produtividade do trabalho e ao cenário econômico mundial. Nas palavras do autor
“entre 1991 e 1998, o cenário foi manutenção do peso da indústria, com aumento
na produtividade do trabalho” (2008, p. 19). Ou seja, para o autor, a
instabilidade dos níveis de produtividade foi o que impediu que a indústria
voltasse a ter a participação da década 80. O período compreendido entre 1990 e
2004 não pode ser interpretado como uma ocorrência de desindustrialização haja
vista que a indústria de transformação conseguiu manter uma média anual no
período citado.
Apesar das
baixas taxas de crescimento médias anuais do PIB brasileiro entre 1990 e 2000,
a indústria de transformação doméstica conseguiu manter um nível de
participação médio anual na ordem de 22% no período, praticamente o mesmo
percentual em 1990. Nos últimos anos, houve um ligeiro aumento dessa
participação, chegando a 23% em 2004 (NASSIF, 2008, p. 19).
Outro aspecto que o
autor levanta é a da hipótese da existência de doença holandesa no Brasil.
Nassif acredita que não há evidências empíricas sobre tal fenômeno porque não
pôde ser verificado uma realocação generalizada dos fatores produtivos para o
ramo das indústrias com tecnologias abalizadas em recursos naturais. Além
disso, “a participação conjunta dos produtos primários, dos manufaturados
intensivos em tecnologia em recursos naturais e dos manufaturados com baixa
tecnologia sofreu um decréscimo de 72% para 67% entre 1989 e 2005” (NASSIF,
2008, p. 20).
Apesar de existir
divergências entre economistas sobre a questão da desindustrialização no Brasil,
mesmo aqueles que defendem que o país não passa por tal processo fazem
ponderações e alertam os formuladores de políticas econômicas sobre o futuro. Nassif alerta que, no longo prazo, a
sobrevalorização da moeda brasileira em relação ao dólar pode não só provocar
uma perda de competitividade industrial, como também transformar a
desindustrialização o que é, até então, segundo o autor mera conjectura, em um
fenômeno real para a economia brasileira.
Mt bom...
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