quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Desindustrialização: Situação brasileira


Outros autores, porém, enfatizam que no Brasil o que ocorreu não pode ser classificado como um processo de desindustrialização. Segundo Nassif (2008), no período da década de 80 a indústria sofreu uma forte na participação do PIB devido a baixa produtividade do trabalho e ao cenário econômico mundial. Nas palavras do autor “entre 1991 e 1998, o cenário foi manutenção do peso da indústria, com aumento na produtividade do trabalho” (2008, p. 19). Ou seja, para o autor, a instabilidade dos níveis de produtividade foi o que impediu que a indústria voltasse a ter a participação da década 80. O período compreendido entre 1990 e 2004 não pode ser interpretado como uma ocorrência de desindustrialização haja vista que a indústria de transformação conseguiu manter uma média anual no período citado.
Apesar das baixas taxas de crescimento médias anuais do PIB brasileiro entre 1990 e 2000, a indústria de transformação doméstica conseguiu manter um nível de participação médio anual na ordem de 22% no período, praticamente o mesmo percentual em 1990. Nos últimos anos, houve um ligeiro aumento dessa participação, chegando a 23% em 2004 (NASSIF, 2008, p. 19).
Outro aspecto que o autor levanta é a da hipótese da existência de doença holandesa no Brasil. Nassif acredita que não há evidências empíricas sobre tal fenômeno porque não pôde ser verificado uma realocação generalizada dos fatores produtivos para o ramo das indústrias com tecnologias abalizadas em recursos naturais. Além disso, “a participação conjunta dos produtos primários, dos manufaturados intensivos em tecnologia em recursos naturais e dos manufaturados com baixa tecnologia sofreu um decréscimo de 72% para 67% entre 1989 e 2005” (NASSIF, 2008, p. 20).
Apesar de existir divergências entre economistas sobre a questão da desindustrialização no Brasil, mesmo aqueles que defendem que o país não passa por tal processo fazem ponderações e alertam os formuladores de políticas econômicas sobre o futuro.  Nassif alerta que, no longo prazo, a sobrevalorização da moeda brasileira em relação ao dólar pode não só provocar uma perda de competitividade industrial, como também transformar a desindustrialização o que é, até então, segundo o autor mera conjectura, em um fenômeno real para a economia brasileira.

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