quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Desindustrialização: causas


Sobre as causas da desindustrialização são apontadas diversas e dentre elas está a doença holandesa. A doença holandesa é a apreciação “crônica da taxa de câmbio de um país causada por este explorar recursos abundantes naturais e mão de obra barata” (BRESSER-PEREIRA, 2007, p. 7). Ainda segundo o autor além de gerar uma falha de mercado, a doença holandesa pode trazes efeitos negativos para uma economia por tempo indeterminado. Apesar de ser um problema antigo só recebeu esse nome em 1960, quando os economistas da Holanda verificaram que a descoberta de gás natural e a exportação deste estavam apreciando a taxa de câmbio e isso estava prejudicando a indústria (BRESSER-PEREIRA, 2007, p. 8). O Dieese (2011) ressalta para um possível caso de doença holandesa no Brasil, pois a grande capacidade brasileira de produzir e exportar commodities minerais, pecuárias e agrícolas provoca a entrada de dólares e euros no país provocando um excesso de oferta no mercado de câmbio, valorizando o real em relação as moedas estrangeiras. Ainda segundo o órgão, uma taxa de juros interna muito elevada provoca uma entrada volumosa de divisas no país prejudicando a indústria de transformação e podendo contribuir para um processo de desindustrialização, pois a indústria passa a perder competitividade. É por isso que o governo visa reduzir ainda mais a taxa de juros (atualmente em 7,25%).
Além da doença holandesa como uma das causas da desindustrialização, a desindustrialização pode ser provocada por fatores internos e externos.
Os fatores internos seriam: uma mudança na relação entre a elasticidade de renda da demanda por produtos manufaturados e serviços e o crescimento mais rápido da produtividade na indústria do que no setor de serviços (ROWTHORN e RAMASWANY, 1999 apud FEIJÓ e OREIRO, 2010, p.222).
Os fatores externos, segundo Feijó e Oreiro (2010), que causam a desindustrialização estão relacionados diretamente com o nível de integração produtivo e comercial das economias, ou seja, com o estágio alcançado pelo assim chamado processo de globalização.
De acordo com o Dieese (2011) outros fatores também podem ser causadores da desindustrialização, entre eles: grande vantagem comparativa na produção de bens primários, problemas de infraestrutura e educação formal insuficiente e baixa qualificação da mão-de-obra existente.
Em modelos neoclássicos de crescimento a ocorrência ou não da desindustrialização é irrelevante uma vez que o crescimento de longo prazo é dado pela acumulação de fatores e pelo progresso tecnológico (FEIJÓ e OREIRO, 2010, p. 223). Ainda segundo os autores, o pensamento heterodoxo defende que a indústria e motor do crescimento no longo prazo dos países capitalistas uma vez que ela é fonte de retornos crescentes de escala, considerado pelos heterodoxos essencial para sustentar o crescimento no longo prazo, e a principal difusora do progresso tecnológico. “Nesse contexto, a desindustrialização é um fenômeno que tem impacto negativo sobre o de crescimento de longo prazo, pois reduz a geração de retornos crescentes e diminui o ritmo do progresso técnico” (FEIJÓ e OREIRO, 2010, p. 224).

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