Sobre as causas da
desindustrialização são apontadas diversas e dentre elas está a doença
holandesa. A doença holandesa é a apreciação “crônica da taxa de câmbio de um
país causada por este explorar recursos abundantes naturais e mão de obra
barata” (BRESSER-PEREIRA, 2007, p. 7). Ainda segundo o autor além de gerar uma
falha de mercado, a doença holandesa pode trazes efeitos negativos para uma
economia por tempo indeterminado. Apesar de ser um problema antigo só recebeu
esse nome em 1960, quando os economistas da Holanda verificaram que a descoberta
de gás natural e a exportação deste estavam apreciando a taxa de câmbio e isso
estava prejudicando a indústria (BRESSER-PEREIRA, 2007, p. 8). O Dieese (2011)
ressalta para um possível caso de doença holandesa no Brasil, pois a grande
capacidade brasileira de produzir e exportar commodities minerais, pecuárias e agrícolas provoca a entrada de
dólares e euros no país provocando um excesso de oferta no mercado de câmbio,
valorizando o real em relação as moedas estrangeiras. Ainda segundo o órgão,
uma taxa de juros interna muito elevada provoca uma entrada volumosa de divisas
no país prejudicando a indústria de transformação e podendo contribuir para um
processo de desindustrialização, pois a indústria passa a perder
competitividade. É por isso que o governo visa reduzir ainda mais a taxa de
juros (atualmente em 7,25%).
Além da doença
holandesa como uma das causas da desindustrialização, a desindustrialização
pode ser provocada por fatores internos e externos.
Os fatores
internos seriam: uma mudança na relação entre a elasticidade de renda da
demanda por produtos manufaturados e serviços e o crescimento mais rápido da
produtividade na indústria do que no setor de serviços (ROWTHORN e RAMASWANY, 1999
apud FEIJÓ e OREIRO, 2010, p.222).
Os fatores externos,
segundo Feijó e Oreiro (2010), que causam a desindustrialização estão
relacionados diretamente com o nível de integração produtivo e comercial das
economias, ou seja, com o estágio alcançado pelo assim chamado processo de
globalização.
De acordo com o
Dieese (2011) outros fatores também podem ser causadores da desindustrialização,
entre eles: grande vantagem comparativa na produção de bens primários,
problemas de infraestrutura e educação formal insuficiente e baixa qualificação
da mão-de-obra existente.
Em modelos
neoclássicos de crescimento a ocorrência ou não da desindustrialização é
irrelevante uma vez que o crescimento de longo prazo é dado pela acumulação de
fatores e pelo progresso tecnológico (FEIJÓ e OREIRO, 2010, p. 223). Ainda
segundo os autores, o pensamento heterodoxo defende que a indústria e motor do
crescimento no longo prazo dos países capitalistas uma vez que ela é fonte de
retornos crescentes de escala, considerado pelos heterodoxos essencial para
sustentar o crescimento no longo prazo, e a principal difusora do progresso
tecnológico. “Nesse contexto, a desindustrialização é um fenômeno que tem
impacto negativo sobre o de crescimento de longo prazo, pois reduz a geração de
retornos crescentes e diminui o ritmo do progresso técnico” (FEIJÓ e OREIRO,
2010, p. 224).
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