CIRCULAÇÃO SIMPLES DE
MERCADORIAS E CIRCULAÇÃO CAPITALISTA
Karl Marx se preocupou também em
explicar a natureza histórica e social do capital como fonte dos lucros. Marx
explicava que, em uma sociedade
não-capitalista, a produção de mercadorias tinha como objetivo a
obtenção de outras mercadorias para uso. O esquema proposto para figurar isto era:
M-D-M, onde mercadoria se transforma em dinheiro para, novamente, tornar-se mercadoria.
Já no sistema capitalista há outro
esquema, no qual o início se dá com o dinheiro. O mesmo se transforma em
mercadoria para, no final, transformar-se em dinheiro (D-M-D). Porém, Marx
conclui que a intensão não era que a troca terminasse com a mesma quantia em
dinheiro, mas que se vendesse mais caro a fim de obter o lucro. Sendo assim,
chega-se ao processo descrito da seguinte forma: D-M-D´, onde D´>D.
MAIS-VALIA, TROCA E A ESFERA DA CIRCULAÇÃO
Para
Marx, a diferença entre D´ e D era a chamada mais-valia. Ele afirmava que o que movia os interesses de uma
sociedade capitalista era o valor de troca e não o de uso. Portanto, buscava-se
multiplicar o valor inicial a partir de processos de troca com obtenção de
lucro.
Porém,
Marx percebe que a característica principal do capitalismo, ou seja, a
mais-valia, não poderia ser encontrada na esfera da circulação pois isto não
geraria valor líquido algum. Ele explica que quando a mercadoria é trocada por
valores equivalentes, ou seja, o próprio valor da mercadoria (sem acréscimos ou
decréscimos) não há mais-valia alguma. E, quando a mercadoria fosse trocada
acima ou abaixo de seu valor, também não seria gerado qualquer aumento líquido
de mais-valia, pois o ganho de um (comprador ou vendedor) seria idêntico à
perda do outro.
Sendo assim, Marx passa a voltar sua atenção para a
esfera da produção. “Assim, deixamos de lado, por algum tempo, essa esfera
complicada (da circulação), na qual tudo acontece à superfície e à vista de
todos, e... entramos na área oculta da produção[...]” (HUNT, 2005, p. 204).